quarta-feira, 30 de maio de 2018

Instrua o seu coração!

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Faltam três semanas para a estreia “daquele” filme e milhares de pessoas não veem a hora chegar. “Aquele” carro novo, ultramoderno e arrojado, foi anunciado para o próximo mês e os amantes de carro já estão em polvorosa. A Netflix anunciou mais uma temporada “da melhor” série que já existiu e os fãs estão ansiosos...

Eu podia descrever inúmeros exemplos (e você saberia de outros tantos) de como as pessoas ficam ansiosas e aguardam com grande expectativa algumas coisas. A pergunta a ser feita aqui é: porque isso acontece?

A Palavra de Deus é enfática ao afirmar que o homem é controlado por seu coração. Conforme o Senhor Jesus, aquilo que governa o coração governará a vida do homem, pois, “onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6.21).

O que acontece nos exemplos dados no início é que as pessoas ensinam seus corações a gostar de determinadas coisas. Cinéfilos vivem lendo a respeito de filmes, gostam de saber dos últimos lançamentos e de quais são os indicados ao Oscar; aqueles que curtem carros conhecem como ninguém como eles funcionam, qual o melhor modelo e buscam revistas especializadas a fim de saber mais a respeito de sua paixão e, assim, seus corações são “treinados” a fim de gostarem e ansiarem por novidades nessas áreas.

É exatamente por causa do controle do coração sobre a vida do homem que o salmista afirmou: “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti” (Sl 119.11). Veja a relação estabelecida! A Palavra estando no coração possibilitaria que ele não pecasse contra Deus. O Senhor Jesus afirmou isso de outra forma no Novo Testamento ao declarar que “a boca fala do que está cheio o coração” (Lc 6.45).

Você já se perguntou, por exemplo, o porquê de muitos crentes não ansiarem pelo Dia do Senhor da mesma forma que anseiam pela estreia daquele filme, do final do campeonato ou das tão aguardadas férias? É exatamente pelo fato de não instruírem seu coração, enchendo-o com a Palavra a fim de que ele anseie pelo dia em que se reunirá com a Igreja do Senhor a fim de prestar culto àquele que se deu por eles. É não compreender a beleza e a importância da obra do Redentor em seu lugar, pois ao compreender adequadamente tudo isso, será impossível não ansiar pelo dia em que a Igreja se reúne para louvar seu Salvador.

Quando o coração não é devidamente instruído pela Palavra, mediante a iluminação do Santo Espírito, ele não anseia pelo Senhor e por louvar a sua Glória! Nesse sentido, algo interessante a se notar é a forma como se expressam os filhos de Corá: “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma” (Sl 42.1). O versículo demonstra que a alma do salmista entendeu a importância do Senhor para ela, a ponto de comparar com o anseio da corça pelas águas. O coração foi instruído que da mesma forma que corça precisa da água para sobreviver, ele precisa do Senhor. É preciso instruir o coração.

Há mais ainda, quando o coração não é instruído, o que espera o crente é o desassossego da alma, a angústia, a ansiedade, os temores diante das tribulações. Por essa razão, é preciso relembrar constantemente ao coração quem é o Senhor a quem servimos. Isso fará com que nos portemos de forma correta diante das tribulações, respondendo às intempéries da vida de forma piedosa.

É importante relembrar, pois nos esquecemos facilmente quem é o Senhor a quem servimos e como ele agiu no decorrer da história. O povo de Israel ficou escravizado por 400 anos, foi liberto do seu jugo e testemunhou uma grande quantidade de milagres e prodígios que Deus fez por meio de Moisés diante de Faraó, mas ao encarar o Mar Vermelho diante de si, esqueceu-se de tudo e passou a murmurar: “Vamos morrer”, “era melhor ter ficado no Egito”, etc. (Cf. Ex 14.11-12).

É isso que temos no já citado Salmo 42, o salmista relembrando à sua alma quem é o Senhor: “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (Sl 42.5,11). A relevante conversa do salmista consigo mesmo era para que essa lembrança instruísse seu coração a respeito de quem é Deus e se aquietasse! Foi isso também que deu esperança a Jeremias, em meio à dura realidade dos sofrimentos do cativeiro: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade” (Lm 3.21-23).

Somente um coração constantemente instruído por meio da Palavra do Senhor ansiará por ele e descansará em seu governo, por ter absoluta convicção a respeito de seu caráter.

“Tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”, escreveu Paulo aos Romanos (15.4). Essa Escritura, que o apóstolo afirma ser inspirada por Deus é “útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.16-17).

Portanto, diferente do espírito da nossa época que estimula os homens a “seguirem o seu coração”, use as Escrituras para instruí-lo acerca do que ele deve desejar. Com isso você ansiará mais pelo Senhor e saberá se portar diante de todas as situações de sua vida, incluindo o lançamento daquele filme tão aguardado e a espera pelas tão sonhadas férias.

Milton C. J. Junior

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