quarta-feira, 23 de maio de 2018

A volta de Cristo, um estímulo à piedade

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O Credo dos apóstolos, sem sombra de dúvidas o credo mais conhecido pela Igreja do Senhor, afirma em uma de suas cláusulas, a respeito do Senhor Jesus: “Está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos.

A doutrina da segunda vinda de Cristo é de suma importância para a vida da igreja. Nesse dia glorioso o Senhor completará de uma vez por todas a sua obra de redenção dos salvos e de condenação dos réprobos. O apóstolo Paulo afirma que “importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, par que casa um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2Co 5.10).

É bastante claro, considerando todo o ensino a respeito da salvação pela graça, mediante a fé, que o apóstolo não quer ensinar que é necessário fazer algo para ser salvo, absolutamente. Tudo o que deveria ser feito a fim de que o homem tivesse paz com Deus foi realizado única e perfeitamente por Cristo Jesus. Diante disso, a expectativa acerca da vinda de Cristo deve levar os crentes a perseverar em boas obras, honrando aquele que os salvou, pois, essas obras serão julgadas.

Infelizmente, apesar de declararem que creem na vinda de Cristo, na prática, muitos crentes vivem como se isso não fosse ocorrer de fato e acabam vivendo para si mesmos, flertando com as coisas desse mundo.

Isso, entretanto, não é novo. Quando Pedro escreveu sua primeira carta estava combatendo, entre outras coisas, o falso ensino de que Jesus não mais voltaria. Este ensino seduziu a muitos e levou os crentes a viver libertinamente (2Pe 2.2). Pedro alerta, então, para a realidade da vinda de Cristo que seria repentina e, certo a respeito dessa vinda, exorta os crentes a viverem em “santo procedimento”, empenhando-se por serem achados pelo Senhor “em paz, sem mácula e irrepreensíveis” (2Pe 3.8-14).

Os romanos também foram ensinados a esse respeito pelo apóstolo Paulo. No capítulo 13 ele trata do amor que é devido pelo cristão como sendo uma dívida sem fim, expressa na Lei do Senhor e que visa o bem do próximo. Apesar de ter demonstrado ser o amor um mandamento, Paulo também associa a prática desse amor à certeza da volta de Cristo. Isso pode ser notado nas expressões “digo isto a vós outros que conheceis o tempo” e “vem chegando o dia”, nos versículos 11 e 12.

Ele explica que os romanos deveriam esperar a vinda de Cristo estando despertos do sono e esse viver desperto consistia em deixar as obras das trevas, revestindo-se das armas da luz, implicando no conhecimento da Palavra, que é a “espada do Espírito” (Ef 6.17)­­­­.

Entretanto, para viver dessa forma, não basta meramente conhecer a Palavra. A Escritura aponta para a forma de viver em conformidade com a vontade de Deus e você pode mesmo mortificar a carne, mas para que isso seja possível, é necessário revestir-se de Cristo (Rm 13.14), ou, em outras palavras, é necessário ser conformado à imagem de Cristo, pois para isto fomos eleitos (Rm 8.29).

As Escrituras não dão simplesmente um montante de regras a fim de que os crentes mudem o modo de se portar. As coisas não funcionam desta forma, pois viver assim seria mero legalismo: deixe de fazer isso e faça aquilo. A única forma de mudar efetivamente a vida, vivendo de modo piedoso, é estando em Cristo. Ele afirmou aos seus discípulos, “sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15.5).

Portanto, se alguém é pavio curto ele não busca ser manso, ele busca a Cristo e terá domínio próprio. Se alguém é imoderado não deve buscar moderação, mas a Cristo, pois se estiver em Cristo será moderado. É isto que temos na epístola aos gálatas onde podemos notar que as obras pecaminosas são da carne, mas o fruto piedoso é do Espírito, por isso, buscamos a Cristo a fim de frutificar para ele, no poder do Espírito.

Nessa caminhada, à medida em que vamos sendo transformados à imagem de Cristo, enquanto aguardamos a sua gloriosa vinda, certamente haverá tentações e, mais ainda, há o perigo de premeditarmos o pecado. Por isso Paulo instrui os romanos para que, ao mesmo tempo em que se revestissem de Cristo, nada dispusessem para a carne, no tocante às suas concupiscências, ou, como está traduzido na NVI, “não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne” (Rm 13.14).

Deixe-me ilustrar isso. Há poucos meses fui diagnosticado com diabetes e, por conta disso, tenho medido constantemente a glicemia, a fim de verificar como meu organismo tem respondido à medicação. Duas horas após a refeição, o normal é que a glicemia esteja, no máximo, 140 mg/dL. Na comemoração do meu aniversário fugi da dieta e comi bolo, salgadinhos, doces e refrigerante. Duas horas depois fiz a medição e, com alegria, vi que a glicemia estava em 122. No outro dia brinquei com uma ovelha de nossa igreja, que é médico: “Se eu soubesse que ia dar só 122, tinha comido mais uns cinco brigadeiros”.

Esse tipo de pensamento seria exatamente o “premeditar como satisfazer os desejos da carne”, ficar confabulando, planejando, como matar um desejo. O cristão não pode ficar procurando maneiras de pecar e, para isso, deve revestir-se de Cristo! Nele, e somente nele, os crentes podem cumprir as ordenanças da Palavra e, se pecarem (note bem o “se”) podem contar com um excelente advogado, Jesus Cristo, o Justo (1Jo 2.1).

A expectativa da vinda de Cristo é um excelente motivador para que os cristãos perseverem em sua busca por santidade. Com sua vinda em mente, não buscaremos satisfazer os desejos pecaminosos da carne, mas, em piedade, aguardaremos o glorioso dia de sua volta, dia em que, de uma vez por todas, a nossa satisfação será plena!

Milton C. J. Junior

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