Um dia desses eu ouvia num programa de rádio a resposta de um analista a uma consulta feita. Alguém queria abrir uma empresa, mas estava receoso quanto a empreender num momento de crise financeira no país, além de não ter experiência na área pretendida. A resposta foi simples. Antes de se arriscar, ele deveria aguardar para ver como se comportaria o mercado. Enquanto isso, deveria arranjar um emprego numa empresa da área, a fim de aprender na prática sobre o risco de seu empreendimento. No fim, aquele que respondia disse: “É melhor aprender com os erros dos outros do que errar para aprender”.
Sábias palavras! De certo vai contra o que muitos pensam, principalmente no que diz respeito às “coisas da vida”, amizades, relacionamentos, entretenimento, etc. Nesse caso é comum ouvir alguns dizendo: “Deixe fulano quebrar a cara, desse jeito ele aprende” ou “cada um deve ter suas experiências e aprender com elas”.
Conquanto seja verdadeiro e importante termos as nossas experiências de vida, a ideia de que precisamos “quebrar a cara” para aprender está distante daquilo que a Escritura ensina. Ao escrever sua epístola aos Romanos o apóstolo Paulo afirmou que “tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito” (Rm 15.4).
Aos Coríntios, após relatar a história de pecado do povo de Israel e a punição de Deus, ele afirmou: “Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram” (1Co 10.6) e, depois disso, exortou que os irmãos não fizessem como eles, advertindo novamente: “Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para a advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado” (1Co 10.11).
A lição é clara! Olhe para as Escrituras a fim de tomar conhecimento do que muitos sofreram, por desobediência a Deus, e não repita a experiência. É como se Paulo dissesse você não precisa “quebrar a cara”, basta olhar para as Escrituras, confiar naquilo que está relatado e viver para a glória de Deus.
A despeito disso, muitos cristãos têm sofrido com suas escolhas. Na tentativa de caminhar conforme seus próprios corações, deixam de lado tudo aquilo que foi escrito para o seu ensino. O coração é enganoso e, não poucas vezes, quer nos conduzir a caminhos que não deveríamos trilhar. Devemos estar atentos a isso, lembrando-nos sempre daquilo que escreveu Salomão no fim de sua vida: “Alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o seu coração nos dias de tua mocidade; anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém, que de todas essas coisas Deus te pedirá contas” (Ec 11.9).
Diante disso, podemos pensar na responsabilidade que temos diante de Deus. Temos de conhecer as Escrituras a fim de viver de modo agradável diante de Deus, fazendo escolhas que reflitam sua vontade revelada.
Não é sem razão que o salmista afirma ser bem-aventurado o homem que tem “o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido” (Sl 1.2-3).
Se os cristãos se lembrassem mais dessas verdades, evitariam muitas escolhas que parecem caminhos direitos, “mas ao cabo dá em caminhos de morte” (Pv 14.12).
Mas isso pode ser ainda pior. Muitos desses que desprezam as instruções da Palavra de Deus e querem seguir as cobiças de seus próprios corações, na ânsia de ouvir algo que desculpe ou justifique suas ações, buscam conselhos com pessoas que não temem a Deus. Esquecem-se de que o salmista também diz que feliz é o homem que não anda no conselho de ímpios (Sl 1.1) e devem ser lembrados das palavras do Senhor Jesus: “Ora, se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco” (Mt 15.14).
Em sua infinita sabedoria, Deus nos deu a sua Palavra bendita a fim de ser a lâmpada para os nossos pés e a luz para o nosso caminho (Sl 119.105). Você pode viver de modo digno do Evangelho, honrando ao Senhor em suas escolhas pautadas na Escritura, ou pode pagar para ver, fazendo o que é contrário a ela e aprendendo com os erros. Mas lembre-se: há pessoas que nem errando muito conseguem aprender. O melhor caminho é confiar em Jesus e dar ouvidos à sua voz, que ecoa na Escritura.
Milton C. J. Junior
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